Para a poesia que é triste
Eu sei qual o azul que dança entre o céu e o mar
Sei a cor das chamas que fulguram os espíritos:
O que eu sinto é o sopro que não morre no tempo
O gosto aquarelado dos sonhos que despertam.
Entendo porque as aleluias entregam suas asas para o inverno:
Liberdade soprando livre no cemitério das asas.
E entendo porque a estrela morre, mas sua luz sobrevive:
Somo todos vestígios do eterno que sonha.
A manhã é o crepúsculo da humanidade
E a noite é só o teatro de sombras da poesia.
Antecipo o final derradeiro:
A vida é plena de mais para que algo seja em vão.
Pescador na fresta das constelações
As brasas ardem como o coração escarlate da Terra
Intensas como o meu espírito em carne viva
Os meus poemas queimam na dança da fogueira
Diamantes de luz vermelha fulgurando no escuro
Sobre mim o deserto fragmentado da perfeição:
as estrelas são mortes brancas que se perpetuam.
Pesco estrelas cadentes, riscos de brasa no céu noturno
Pedaços dos meus sonhos esquecidos que eu perdi
Deito-me com a noite, faço das sombras pele
A fogueira é uma estrela única no sem-fim sob os meus pés:
Criança tingindo a terra em vermelho e sonhos
Aqui a solidão é o abraço aconchegante das constelações
A luz velha e fria das estrelas beijando os meus olhos
A vida se perpetuando nesse jardim de vidro...
Espelho do meu espírito.