Tempo de Gabiroba
Meus campos de pitangas, pássaros e flores
Perderam-se nas grades frias dos arados.
Insetos e lagartos, sem os seus amores,
Morreram nos entulhos do solo adubado.
Das hastes e pendões do milho verde assado,
Nas tardes de pamonha e mil e um sabores,
Ficaram cafezais, pastagens para o gado
E enormes plantações de soja e desamores.
Tempo de gabiroba e de fechar porteiras,
Passando por debaixo das cercas de arame,
Depois catar picão na roupa e na saudade.
Asas de borboleta e as sombras das paineiras
Ficaram na colméia de sonhos, no enxame
Das letras e varandas dos meus fins de tarde.
Receita Para Dormir (Para Lucilaine Fátima)
Para dormir, receito um travesseiro
fofinho e perfumado com poesia...
As letras bem regadas, num canteiro
onde a canção é a flor do dia-a-dia.
O beijo, o abraço e o encanto verdadeiro,
são os ingredientes da alquimia...
Não perca a hora, o fogo e a fantasia...
Quem perde, perde! O sonho é passageiro!
Depois, o sono chega de mansinho
e um edredom faz bem para o poema...
Aquece o verso e, a rima faz-se ninho.
Quando o dia amanhece, um novo tema
acaricia o canto passarinho,
reescrevendo o sol e a paz suprema.