Davi Lemos de Miranda

ANOS PERDIDOS

 

Minha infância passada é fera sem selva

Descansa nos passados remotos da relva

Entretanto, a memória resgata a imagem.

E eu, adulto, me perco no antes selvagem.

 

Todos os delitos que cometi irão ser e surgir

Na idade da inocência pura eu tudo fiz perder

Hoje espreita meus passos o novo alvorecer

E a cada hora do dia testemunho o ressurgir.

 

Tenho espelhos inteiros para rostos partidos

E neles me vejo nos traços ocultos e perdidos

São fantasmas a atormentar os meus sentidos.

 

Que me seja a loucura a fonte cristalina do ser

Embriagado, curo o tédio da ressaca do anoitecer.

E de dia amanheço com a boca faminta de perecer

 

 

 

MELANCOLIA

 

Essa é minha noiva sem rosto

Mas que corre nas minhas veias

Bombeado pelo coração o veneno

(Ou antídoto?) De uma vida inteira.

 

Ela não se despe nas nossas núpcias

Quando a toco uma ferida se acumula

A mais em meu ser dela não exposto

Quando a beijo sinto o sabor do desgosto.

 

Faço amor com ela como quem mata

E ela, estranha, parece achar me seduzir

Ah! Como eu queria expulsá-la de mim.

 

Mas, num altar maldito, disse a ela o sim.

E, desde então, a vida já não possue cor

Além desse cinza choroso e sem sabor.

 

 

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