Yuji Martins Kodato

Para a poesia que é triste

 

Eu sei qual o azul que dança entre o céu e o mar

Sei a cor das chamas que fulguram os espíritos:

O que eu sinto é o sopro que não morre no tempo

O gosto aquarelado dos sonhos que despertam.

 

Entendo porque as aleluias entregam suas asas para o inverno:

Liberdade soprando livre no cemitério das asas.

E entendo porque a estrela morre, mas sua luz sobrevive:

Somo todos vestígios do eterno que sonha.

 

A manhã é o crepúsculo da humanidade

E a noite é só o teatro de sombras da poesia.

Antecipo o final derradeiro:

A vida é plena de mais para que algo seja em vão. 

 

 

Pescador na fresta das constelações

 

As brasas ardem como o coração escarlate da Terra

Intensas como o meu espírito em carne viva

Os meus poemas queimam na dança da fogueira

Diamantes de luz vermelha fulgurando no escuro

 

Sobre mim o deserto fragmentado da perfeição:

as estrelas são mortes brancas que se perpetuam.

Pesco estrelas cadentes, riscos de brasa no céu noturno

Pedaços dos meus sonhos esquecidos que eu perdi

 

Deito-me com a noite, faço das sombras pele

A fogueira é uma estrela única no sem-fim sob os meus pés:

Criança tingindo a terra em vermelho e sonhos

 

Aqui a solidão é o abraço aconchegante das constelações

A luz velha e fria das estrelas beijando os meus olhos

A vida se perpetuando nesse jardim de vidro...

 

Espelho do meu espírito.

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