Nathan de Castro

Tempo de Gabiroba

Meus campos de pitangas, pássaros e flores

Perderam-se nas grades frias dos arados.

Insetos e lagartos, sem os seus amores,

Morreram nos entulhos do solo adubado.

 

Das hastes e pendões do milho verde assado,

Nas tardes de pamonha e mil e um sabores,

Ficaram cafezais, pastagens para o gado

E enormes plantações de soja e desamores.

 

Tempo de gabiroba e de fechar porteiras,

Passando por debaixo das cercas de arame,

Depois catar picão na roupa e na saudade.

 

Asas de borboleta e as sombras das paineiras

Ficaram na colméia de sonhos, no enxame

Das letras e varandas dos meus fins de tarde.

 

 

Receita Para Dormir (Para Lucilaine Fátima)

Para dormir, receito um travesseiro
fofinho e perfumado com poesia...
As letras bem regadas, num canteiro
onde a canção é a flor do dia-a-dia.

O beijo, o abraço e o encanto verdadeiro,
são os ingredientes da alquimia...
Não perca a hora, o fogo e a fantasia...
Quem perde, perde! O sonho é passageiro!

Depois, o sono chega de mansinho
e um edredom faz bem para o poema...
Aquece o verso e, a rima faz-se ninho.

Quando o dia amanhece, um novo tema
acaricia o canto passarinho,
reescrevendo o sol e a paz suprema.

 

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