Dalva Agne Lynch

A Voz do Vento

 

Cala-te, razão! tu não entendes

a voz da alma. Tiraste-lhe os gestos

o abraço, a calma,

o perder-se abençoado

no desvario...

Tiveste medo do frio

do teu ser vento, inquieto

imprevisível, fugaz?

Ah, faltou-te, razão voraz

atirar-te no turbilhão!

E por medo do aguilhão

das lágrimas, da dor

do vendaval do ser-se

que não tem nexo

perdeste o amplexo

do Infinito...

Razão, não penses mais.

Entrega tua paz

à voz do vento... 

 

 

A Ave e o Vento

(escrito em três diferentes datas, entre 07/99 e 03/00)

 

 

 I

 

Vôo livre de asa aberta    

Contra um vento arredio.    

A ave buscando alerta    

O vento fluindo frio.    

A ave - amando o vento    

O vento - amando o vazio.  

 

II 

 

Vôo livre de asa aberta
Contra o sombrio turbilhão.
A ave voando incerta
O vento lutando em vão.
A ave - desafiando o vento
O vento - negando a paixão.

 

III


Vôo livre de asa aberta
Acima do turbilhão.
A Ave voando certa
O Vento em confusão.
A Ave - calada, esperta
O Vento - soprando em vão.

 

 

 

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