A Voz do Vento
Cala-te, razão! tu não entendes
a voz da alma. Tiraste-lhe os gestos
o abraço, a calma,
o perder-se abençoado
no desvario...
Tiveste medo do frio
do teu ser vento, inquieto
imprevisível, fugaz?
Ah, faltou-te, razão voraz
atirar-te no turbilhão!
E por medo do aguilhão
das lágrimas, da dor
do vendaval do ser-se
que não tem nexo
perdeste o amplexo
do Infinito...
Razão, não penses mais.
Entrega tua paz
à voz do vento...
A Ave e o Vento
(escrito em três diferentes datas, entre 07/99 e 03/00)
I
Vôo livre de asa aberta
Contra um vento arredio.
A ave buscando alerta
O vento fluindo frio.
A ave - amando o vento
O vento - amando o vazio.
II
Vôo livre de asa aberta
Contra o sombrio turbilhão.
A ave voando incerta
O vento lutando em vão.
A ave - desafiando o vento
O vento - negando a paixão.
III
Vôo livre de asa aberta
Acima do turbilhão.
A Ave voando certa
O Vento em confusão.
A Ave - calada, esperta
O Vento - soprando em vão.